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15:48 | 27/06/2019
Um senhor perguntou a um velho boiadeiro:
– Aonde preferes conduzir a manada de gado para pastar?
-Aqui mesmo, Senhor, pois o capim não é muito gordo nem muito magro; do contrário não lhe faria bem.
– Por quê? – perguntou o senhor.
– Estais ouvindo aquele grito rouquenho lá no pasto? – respondeu o boiadeiro, – é o grito do alcaravão, o qual em tempos idos, foi pastor assim como a pega. Vou contar-vos a história:
– O alcaravão levava a manada a pastar nos campos verdejantes e gordos, onde havia flores em profusão; por isso as vacas ficavam rudes e fortes. A pega, ao contrário, conduzia os animais para o alto das montanhas áridas, onde o vento brinca com a areia, e as vacas ficavam cada vez mais magras e debilitadas. A tarde, quando deviam regressar as casas, o alcaravão não conseguia reunir as vacas, porque eram muito ativas e lhe fugiam para todos os lados. Ele, então, gritava:
– Volta, malhada, volta! – mas em vão; não havia uma que lhe obedecesse ao chamado.
– A pega, pelo contrário, não conseguia fazer com que o gado levantasse, tão fraco e extenuado era ele.
– Upa, upa, upa! – gritava ela, mas inutilmente: os animais continuavam impassíveis, deitados na areia.
– Isto acontece a quem não conhece a justa medida. Ainda hoje, embora não mais pastoreiem o gado, o alcaravão continua gritando: “Volta, malhada, volta! e a pega repete: “Upa, upa, upa!”

 



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